domingo, 22 de junho de 2008
Teatro - "Omnisciência"
"Omnisciência", em cena no Teatro Aberto, Lisboa, foi escrita pouco tempo depois de 2001, o ataque ao epicentro do poder ocidental. O mundo não voltou a ser o mesmo. E "Omnisciência" retrata precisamente um enorme e invisível mal-estar civilizacional.
Espelha a decadência das democracias, apoiadas na manipulação dos media. Conta histórias de um mundo de cidadãos permanentemente vigiados, onde as pessoas perderam tudo - até a vida privada.
Tim Carlston, o autor do texto, é canadiano e dono de uma ainda curta e premiada dramaturgia. Rasgou as fronteiras do Canadá, foi já representado na Europa e, recentemente, em Washington. Carlston é jornalista e fundador do grupo Theater Conspiracy, sediado em Vancouver.
Nuno Carinhas, o encenador, juntou-se ao realizador e montador Pedro Filipe Marques, uma vez que grande parte da narrativa acontece em suporte vídeo.
A acção acontece numa cidade do futuro e a história é uma espécie de policial. Há quatro personagens - um montador de imagens, um membro da central de segurança, uma militar e uma especialista em requalificação e bem-estar. Entretanto, alguém chega para fazer uma investigação.
A cidade está sitiada por "rebeldes", embora a governação nunca o admita. E são os próprios protagonistas, também eles parte da hierarquia do poder, que estão à prova, na descoberta do caso que abala o sistema.
Ao encenador interessaram sobretudo as relações afectivas e de poder entre as personagens - o facto de serem capazes de se relacionar e de pensar, fugindo das câmaras, é a fronteira que os separa de serem máquinas ao serviço de quem manda. São essas relações que os podem fazer reagir face a um sistema em "ruína".
O encenador é conhecido pela componente visual dos seus espectáculos. Na peça, o vídeo é tão importante como a palavra. Em palco, um espaço aberto, há apenas um ecrã e uma espécie de gaiola fechada com um vidro, de forma a funcionar como mais um ponto de vigia das acções das personagens. Dois grandes espelhos ampliam o espaço e funcionam também como câmaras.
O elenco é composto por Cristina Carvalhal, Albano Jerónimo, João Reis e Inês Rosado.
Grupo/Actores: Albano Jerónimo, Cristina Carvalhal, Inês Rosado e João Reis
Autor: Tim Carlson
Encenador: Nuno Carinhas
Sala: Sala Vermelha
Endereço: Praça de Espanha, 1050-107 LISBOA "
Até 6 de Julho 2008
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